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Teoria da Perspectiva

Teoria da Perspectiva Pro Educacional

Teoria da Perspectiva


 De modo a contrastar com a teoria da utilidade esperada das finanças tradicionais, podemos citar a teoria do prospecto das finanças comportamentais. A teoria das finanças tradicionais e suas curvas de utilidade e de indiferença utilizam como assunção o retorno marginal decrescente. Isso implica duas consequências. Primeiramente, a função de utilidade obtida é avessa ao risco, ou seja, uma curva côncava. À medida que mais riqueza é adicionada, a utilidade aumenta a uma taxa decrescente. Em segundo lugar, esse comportamento tem como consequência curvas de indiferença convexas devido a uma taxa de substituição marginal decrescente.

Nas finanças comportamentais, a função de risco obtém uma forma mais complexa. Elas observam que os indivíduos, às vezes, apresentam uma certa tendência a buscar riscos, bem como comportamentos avessos ao risco. Além disso, muitas pessoas adquirem simultaneamente políticas de seguro em situação de baixo risco (um comportamento avesso ao risco) e compram bilhetes de loteria de baixa probabilidade e alto retorno: um típico comportamento de busca de risco. Desse modo, combinações de busca de risco e aversão ao risco podem resultar em uma complexa função de utilidade de dupla inflexão.

 

Figura - Combinações de propensão ao risco e aversão ao risco. 

 

 

Fonte: Elaborada pelo autor. 

 

Nesse contexto, a utilidade esperada é subjetiva e depende das preferências únicas dos indivíduos e de sua taxa única de utilidade marginal de substituição.

Na teoria da tomada de decisão, o risco é definido como uma variável aleatória devido a análise de diferentes situações e suas probabilidades conhecidas de ocorrência. Em contraste, a incerteza vem de probabilidade incognoscíveis, ou seja, por definição, é imensurável e não suscetível à análise da maximização da utilidade tradicional. Nesse contexto, a análise subjetiva amplia a teoria da decisão para situações em que a probabilidade não pode ser medida objetivamente, mas sim de modo subjetivo. Desse modo, nas finanças tradicionais, todos os investidores assumem que possuem a mesma informação e interpretam-na com precisão e instantaneidade, sem preconceitos, na avaliação de investimentos e na tomada de decisões que maximizem a sua utilidade.

A racionalidade limitada considera limites da capacidade de conhecimento e remove os pressupostos relativos à informação perfeita, à tomada de decisão totalmente racional e à maximização de utilidade consistente. Os indivíduos, em vez disso, são considerados em termos de sua busca de satisfação. Além disso, os resultados que oferecem satisfação considerável, mas não uma utilidade ótima, são suficientes. Isso  se relaciona com a teoria do prospecto. Nesse sentido, enquanto a racionalidade limitada atenua os pressupostos de informações perfeitas e maximizam a utilidade esperada, a teoria do prospecto ainda atenua a assunção de aversão ao risco e, em vez disso, propõe uma aversão à perda.

A teoria do prospecto é adequada quando se trata de analisar as decisões de investimento e os riscos. Ela se concentra no enquadramento de decisões como ganhos ou perdas e na ponderação de resultados incertos. Nessa lógica, enquanto a teoria da utilidade esperada compreende uma aversão ao risco, a teoria do prospecto admite uma aversão à perda.

Adicionalmente, sob a teoria do prospecto, as escolhas são feitas em duas fases. Na primeira fase, a fase de edição, as propostas são moldadas ou editadas a partir de uma heurística simples, a fim de realizar uma análise preliminar antes da segunda fase de avaliação. Seu objetivo é agrupar e simplificar a escolha diante de uma grande quantidade de informação. Resultados economicamente idênticos são agrupados, e um ponto de referência é estabelecido para classificar as opções.

O risco, nesse caso, é a possibilidade de que a seleção do ponto de referência enquadre a proposta como um ganho ou perda e, assim, afete a etapa de avaliação ou decisão subsequente.

Na segunda fase, a fase de avaliação, os investidores se concentram na aversão à perda em detrimento da aversão ao risco. A diferença é sutil, mas a implicação é que os investidores, nessa fase, estão mais preocupados com a mudança de riqueza do que com o nível resultante desta por si só. Assim, em termos de utilidade, o impacto negativo de uma perda é maior que o impacto positivo de um ganho de igual magnitude.

Em razão da aversão à perda, investidores podem escolher tomar mais risco para evitá-las. Experimentos demonstraram que a maioria dos indivíduos não participará de uma aposta que ofereça chances de 50% de retornos iguais e opostos. Por exemplo, o indivíduo médio não aceitará uma aposta com 50% de probabilidade de ganhar R$ 100 e 50% de probabilidade de perder o mesmo valor, mesmo que o resultado esperado seja igual a R$ 0. Desse modo, o ganho possível teria que ser aumentado (empiricamente, os resultados apresentam pelo menos R$ 200) de modo a persuadir o indivíduo a participar dessa aposta.

 

Gráfico - Utilidade.

Fonte: Elaborado pelo autor.

 

Observe o gráfico acima:

  • a função é côncava no lado dos ganhos, ou seja, quanto maior os ganhos, maior a utilidade;
  • a função é convexa no lado das perdas, ou seja, quanto maior as perdas, menor a utilidade;
  • a função é mais inclinada para perdas do que para ganhos, ou seja, o investidor é mais sensível a perdas do que a ganhos.
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