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Vieses Emocionais

Vieses Emocionais Pro Educacional

Vieses Emocionais


 

Resumo

Os vieses emocionais surgem de emoções e sentimentos, influenciando decisões de investimento sem um pensamento consciente. O viés de aversão à perda faz com que investidores mantenham ativos perdedores por muito tempo e vendam rapidamente os vencedores; o  viés de excesso de confiança leva a subestimar riscos e superestimar retornos; o viés de autocontrole envolve a falta de autodisciplina, favorecendo a satisfação imediata e comprometendo metas de longo prazo; o viés de status quo reflete a resistência a mudanças que fujam da “zona de conforto; o viés de dotação valoriza excessivamente ativos já possuídos; o viés de a aversão ao arrependimento impede ações por medo de erros, favorecendo o conservadorismo excessivo; custos afundados refletem o apego a investimentos passados; e o otimismo é a crença de que fatores externos sempre favorecerão o investidor.

 

Texto

Questões emocionais

Embora não haja uma definição formalmente aceita, esses vieses geralmente surgem a partir de emoções e sentimentos, e não de um pensamento consciente. Alguns dos termos a serem discutidos já surgiram na discussão sobre vieses cognitivos. Isso ocorre porque, se o contexto de uma discussão enfatiza que uma visão se baseia na emoção inconsciente de que o titular não está disposto ou é incapaz de mudar, será mais apropriado vê-la como um viés emocional. Por outro lado, se os fatos sugerirem que o viés pode ser superado com uma mudança relativamente simples no processo ou informação do pensamento, seria melhor vê-lo como um viés cognitivo. De forma geral, os vieses, além de provocados pelas heurísticas, também sofrem influência de fatores como emoções, limitações cognitivas, pressões sociais ou motivações pessoais. A seguir, vemos exemplos de vieses ligados a esses outros fatores e, portanto, mais difíceis de terem seus efeitos mitigados.

 

Viés de aversão à perda

Esse viés já foi bem discutido anteriormente. Surge quando o efeito de uma perda é maior que o de um ganho igual. Nesse contexto, as consequências e implicações da aversão à perda podem incluir a sensação de menor prazer em um ganho para um mesmo valor em relação à dor de uma perda com valor igual. De modo a evitar essa dor, um investidor tenderá a manter os investimentos perdedores por muito tempo, mas poderá vender os vencedores rapidamente.

O investidor sujeito a esse viés poderá realizar muitas negociações ao vender os pequenos ganhos, o que acaba por aumentar os custos de transação e reduzir os retornos. Além disso, eles poderão incorrer em excesso de risco, pois continuam a manter ativos que se deterioraram no que se refere à qualidade e, consequentemente, perderão em termos de valor. Nesse sentido, quando houver um prejuízo, o investidor passará então a assumir riscos excessivos com o objetivo de recuperar o investimento inicial. Além disso, o enquadramento de um ponto de referência que determina se uma situação é de ganho ou perda pode se somar a este viés.

A aversão à perda por miopia ocorre quando, a curto prazo, se assume risco elevado de ações incorretamente, o que leva a um prêmio de risco excessivamente elevado. O prêmio de risco excessivo tende a ignorar que os retornos de capital a longo prazo são favoráveis e levam à subavaliação geral do patrimônio nas carteiras. Nesse sentido, a aversão à perda poderia ser superada mantendo um processo disciplinado, bem planejado com base nas perspectivas futuras de um investimento, sem ganho ou perda percebida.

 

Viés de excesso de confiança

Esse viés ocorre quando os participantes do mercado superestimam sua própria capacidade intuitiva ou de raciocínio. Pode aparecer como uma ilusão de conhecimento em que eles pensam que realizam um melhor trabalho de previsão do que de fato o fazem. Embora seja cognitivo e emocional, em sua natureza é mais emocional, pois, para a maioria dos indivíduos, é difícil corrigi-lo. Além disso, o excesso de confiança decorrente de uma ilusão de conhecimento baseia-se no sentimento geral de que o indivíduo estará certo. Nesse contexto, a previsão de excesso de confiança leva os indivíduos a subestimarem a incerteza e o desvio-padrão de suas previsões, enquanto a certeza e o excesso de confiança exageram a probabilidade de se estar correto.

Entre as consequências e implicações do viés do excesso de confiança, podemos mencionar os investidores que subestimam o risco e superestimam o retorno, assim como investidores que realizam uma subdiversificação. Esse viés pode ocasionar custos excessivos de transação, os quais implicam um menor retorno. Ademais, o viés de excesso de confiança pode ser superado a partir do estabelecimento de metas financeiras de longo prazo com um orçamento voltado para garantir uma economia adequada, de forma que os investimentos sejam feitos para atingir todos os objetivos.

 

Viés de autocontrole

Esse viés é caracterizado quando os indivíduos não têm autodisciplina e favorecem a satisfação imediata em detrimento das metas de longo prazo. Como consequências e implicações do autocontrole, podemos incluir: (i) a insuficiência da capacidade de poupança necessária para financiar necessidades de aposentadoria; (ii) investidores que assumem risco excessivo no portfólio para tentar compensar a acumulação de poupança insuficiente; ou (iii) investidores que dão uma ênfase excessiva aos ativos que produzem renda a fim de atender às necessidades de distribuição de curto prazo.

O viés de autocontrole pode ser superado a partir do estabelecimento de um plano de investimento apropriado e um orçamento para alcançar economias suficientes. Além disso, ambos devem ser revistos regularmente.

 

Viés de status quo

Esse viés ocorre quando o conforto com a situação existente tem como resultado uma falta de vontade de realizar mudanças. Nesse contexto, se as opções de investimento incluírem a possibilidade de manter as opções existentes, ou se uma escolha acontecerá a menos que o participante opte por sair, as decisões referentes ao status quo tornam-se mais prováveis. Sendo assim, as consequências e implicações desse viés podem significar investidores que mantêm carteiras com risco inapropriado, ou seja, investidores que não consideram outras opções, as quais podem vir a ser melhores opções de investimento.

A superação do status quo é muito difícil, de modo que a educação em relação a combinações de risco/retorno razoáveis é essencial.

 

Viés de dotação

Esse viés se caracteriza quando um recurso é considerado especial e mais valioso simplesmente porque ele já é de sua propriedade. Por exemplo, quando um dos cônjuges detém ações que seu cônjuge falecido comprou por algum motivo, diante desse sentimento, o qual não se relaciona com os atuais méritos dos títulos, atribui-se valor adicional a essas ações.

Considere a situação em que indivíduos que foram convidados a indicar seu preço de venda mínimo para um ativo e que possuem, por exemplo, R$ 20,00, com seu preço máximo de compra equivalente a R$15,00, os quais o venderam a um preço maior do que pagariam. Alguns estudos explicaram essa questão como efeito dotação. Uma vez que possuem, eles agem como se valessem mais do que pagariam se não o tivessem.

Como consequência e implicações do efeito dotação, há os investidores que falham no momento da venda de um ativo inadequado, resultando em uma má alocação. Outro efeito desse viés são os investidores que seguram investimentos com os quais possuem familiaridade apenas porque eles oferecem algum senso intangível de conforto.

O efeito dotação é comum entre os recursos herdados e pode ser detectado ou mitigado a partir de uma pergunta como: “Você realizaria esse mesmo investimento com dinheiro novo hoje?”. Se os ativos herdados representarem participações significativas no portfólio, pode ser essencial abordar o viés. Nesse sentido, começar um programa disciplinado de diversificação poderia ser uma maneira de atenuar o desconforto das vendas.

 

Viés de aversão ao arrependimento

Esse viés ocorre quando os participantes do mercado não agem devido ao excesso de medo de que haja erros no que se refere às suas ações. Nesse contexto, eles atribuem peso indevido às suas atitudes de movimento e não consideram as de omissão quando não tomam providências. Nesse sentido, sua sensação de arrependimento e dor é mais forte para ações do que para omissões.

Entre as consequências e implicações desse viés, podemos incluir o excesso de conservadorismo no portfólio. Isso porque é fácil perceber que os ativos mais arriscados apresentam uma baixa performance. Portanto, se não comprar ativos mais arriscados, ele não sentirá arrependimento quando precisar tomar uma atitude e vender os ativos. Isso leva a um baixo desempenho a longo prazo e a uma incapacidade de atingir metas.

O comportamento de reunião é uma forma de aversão ao arrependimento, em que os participantes adotam o consenso ou a opinião de um grupo. Essencialmente, eles dizem a si mesmos que não são culpados se outros participam da decisão. Desse modo, o viés de aversão ao arrependimento pode ser atenuado através de uma comunicação efetiva sobre os benefícios da diversificação, os resultados consistentes com o trade-off eficiente de risco/retorno e as consequências de não cumprir os objetivos de investimento de longo prazo.

 

Custos afundados (sunk cost)

Os custos afundados estão relacionados ao apego pessoal. Por exemplo, considere que o gestor de uma empresa investe em uma nova planta inicial, com uma tecnologia X. No entanto, durante a realização do projeto, ele descobre que existe uma tecnologia Y mais eficiente. Como esse projeto já se encontra em andamento, ele apresenta resistência a abandoná-lo, por causa do dinheiro e do tempo empenhado. Como resultado, decide construir uma planta industrial com tecnologia defasada, a qual gera perda de competitividade para a empresa.

 

Otimismo

Enquanto o excesso de confiança está relacionado à superestimação de suas habilidades pessoais, o otimismo está relacionado à crença de que elementos externos contribuirão favoravelmente ao investidor. Isto é, ele acredita que o mundo conspirará a seu favor, fazendo com que ele sempre obtenha ganhos.

 

Referência Bibliográfica

ASSAF NETO, Alexandre. Mercado financeiro 8. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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