O ano está quase acabando! Aliás, é neste momento que vem aquela vontade de renovar as metas e se planejar para os próximos 12 meses. Como fazer um bom planejamento financeiro para 2020, levando em consideração as mudanças previstas na reforma da Previdência?
Talvez você esteja se perguntando: “o que a reforma tem a ver comigo e com as aplicações que eu faço?”. Pois saiba que a proposta também afeta questões econômicas. Em níveis globais, ela pode levar a uma economia na ordem de R$ 900 bilhões, além de ajudar a reverter o quadro de gastos que excedem as receitas.
Os efeitos podem mudar a forma como você investe, se quiser manter a rentabilidade em alta, e também seus planos para a aposentadoria. Veja o que muda com a reforma da Previdência e saiba como fazer o seu planejamento financeiro para o próximo ano!
O que muda com a reforma da Previdência?
A principal missão da reforma da Previdência é atualizar as regras do sistema atual a fim de equilibrar as contas públicas. Em 2018, o prejuízo chegou a R$ 290,2 bilhões e, se nada for feito, tende a crescer nos próximos anos.
Você sabia que hoje a Previdência já responde por 59% dos gastos? De acordo com estimativas do Senado, em 2026, as despesas com aposentadorias representariam 80% de todo o dinheiro arrecadado no Brasil. O que deixaria apenas 20% para os demais setores, como saúde, educação, segurança e outros serviços públicos.
Envelhecimento da população
Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil envelhece em um ritmo acelerado graças ao aumento da expectativa de vida, que subiu de 45 anos (década de 90) para 76 anos (em 2017).
Assim, a projeção é que em 2060 o número de idosos represente ¼ da população brasileira, uma estimativa de 58 milhões para uma população de 228 milhões.
Como isso impacta na Previdência? Conforme o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), hoje temos 2 contribuintes para cada beneficiário do sistema de aposentadorias e pensões. Sem reforma, a projeção deve chegar em 1 para 1 até 2040. E dez anos depois, o número de beneficiários já seria maior do que o de contribuintes.
Impacto no mercado financeiro
Na economia, a reforma pode ajudar a retomar a confiança dos investidores, inclusive de fora do País, bem como contribuir com o equilíbrio das contas públicas.
Quando falamos de investimentos, com os juros mais baixos e a Taxa Selic (5%) em queda, a tendência é que a rentabilidade da renda fixa continue a cair, enquanto alguns ativos da renda variável tendem a se valorizar.
Nesse sentido, a diversificação da carteira é a melhor opção para manter a rentabilidade em alta com as mudanças. Veja as recomendações para cada tipo de perfil:
- Perfil conservador
Com os juros em queda, o retorno dos investimentos de renda fixa seguem a mesma linha. A fim de manter uma boa rentabilidade sem abrir mão da segurança, a saída é investir em títulos público ligados ao IPCA, que podem trazer retornos acima da inflação. Opções mais rentáveis são aquelas com médio ou longo prazo.
- Perfil moderado
Com a retomada da economia, o melhor caminho, sobretudo, é a diversificação dos investimentos, mesclando opções de renda fixa e renda variável. Os retornos podem ser equilibrados com ativos atrelados ao CDI, aplicações isentas de Imposto de Renda (debêntures, LCI, LCA, CRI, CRA), fundos multimercados e ações ou ETFs.
- Perfil arrojado
Os investimentos em renda variável são os que mais ganham com a reforma da Previdência, mas é preciso conhecimento para investir ou a consultoria de profissionais certificados. A regra da diversificação também vale aqui, já que você pode alternar os ativos entre ações na Bolsa de Valores, fundos multimercado e fundos imobiliários.
Como fazer seu planejamento financeiro para 2020?
Agora que você está por dentro de todo o contexto da reforma da Previdência e seus impactos na economia e nos investimentos, vamos falar de planejamento financeiro. Afinal, um novo ano se aproxima e este pode ser o momento de finalmente organizar as finanças.
Pagar as contas, estudar fora, viajar, comprar uma casa ou um carro, investir na educação dos filhos ou ter uma aposentadoria segura (já pensando na reforma da Previdência). Essas são apenas algumas conquistas que um bom planejamento financeiro pode trazer.
Planejar ajuda a economizar, poupar para acumular, ter mais qualidade de vida e um futuro mais tranquilo. Por isso, preparamos uma lista com dicas para você seguir nos próximos 12 meses de 2020 e manter as finanças equilibradas. Vamos começar?
Anote todas as receitas e despesas
Conhecer todos os seus gastos é o primeiro passo para organizar as finanças. E quando falamos todos, são todos mesmo, até aquele cafezinho depois do almoço ou aquele doce no meio da tarde. Pode usar um aplicativo, uma planilha do Excel ou o Google Sheets ou papel e caneta, mas não deixe de anotar.
Em contrapartida, quando você sabe tudo que entra e tudo que sai, fica mais fácil ver onde estão os maiores gastos, quais despesas são desnecessárias e o que pode ser economizado.
Corte os gastos desnecessários
Quando você começa a ver para onde o dinheiro vai, não é tão difícil cortar. Se estiver com dificuldades, estipule um orçamento para cada área (moradia, educação, carro, lazer, ect.) e acompanhe. Pode diminuir o valor para as compras do mês, principalmente se tiver itens supérfluos na lista, ou trocar almoços em restaurantes por marmitas com comida de casa.
Seja como for, uma boa base é a regra 15-35-50: 50% da renda para gastos essenciais, 35% para lazer, restaurantes, compras e 15% para investir ou quitar dívidas.
Evite compras por impulso
Pode parecer óbvio, mas quando você se dá conta lá vem mais uma despesa para a fatura do cartão de crédito. Compras por impulso são um hábito, que pode ser mudado. Antes de comprar, pense se você realmente precisa daquilo.
Se a resposta for não, já sabe o que fazer. Se for sim, antes de tudo, confira se tem recursos financeiros suficientes para pagar à vista e compare preços. Na dúvida, espere e pense melhor. Não precisa abrir mãos das coisas, mas busque sempre o equilíbrio.
Monte uma reserva financeira
Enfim, agora que você sabe no que gasta mais e no que pode economizar, use o dinheiro que sobra para criar uma reserva financeira. Aliás, não espere sobrar para guardar. Estipule um valor mensal e faça um boleto para você. Crie um hábito e lembre-se de manter a frequência dos depósitos. Não pare até chegar no valor ideal.
Por falar nisso, uma boa reserva de emergência equivale a pelo menos 6 vezes as despesas mensais que você tem. Por exemplo, se você gasta R$ 2 mil por mês, guarde R$ 12 mil.
Poupe para a aposentadoria
Com mais beneficiários do que trabalhadores economicamente ativos, é bom você começar a pensar na sua aposentadoria, mesmo com a reforma da Previdência. Portanto, depois de montar sua reserva financeira, crie um novo objetivo: uma aposentadoria tranquila e segura. E comece a poupar o dinheiro para isso.
Se tiver condições de fazer a reserva e guardar para se aposentar ao mesmo tempo, melhor ainda. Reserve parte dos seus ganhos para cada um.
Comece a investir o dinheiro
Já pensou em tirar aquela quantia parada na conta corrente e investir? Nem todos os investimentos são arriscados. Mesmo que seu perfil seja mais conservador, existem opções de renda fixa com boa rentabilidade. Além disso, não precisa ter muito dinheiro para começar. Com pouco e mantendo a frequência, já é possível poupar.
É importante definir metas financeiras (seus sonhos) para direcionar o dinheiro, bem como prazos para alcançá-las.
Dessa forma, se você ainda não tem uma reserva de emergência, nem dinheiro guardado para a aposentadoria, deixe esta etapa por último no seu planejamento financeiro. Na dúvida sobre o que fazer, fale com um planejador financeiro.
Tudo é uma questão de hábito, inclusive o planejamento financeiro. Com a reforma da Previdência, o recurso é mais importante do que nunca. Isto é, se você quiser contar com uma aposentadoria tranquila e segura, sem se preocupar. Aproveite que 2020 está logo aí e comece a se planejar e, assim como o governo, busque o equilíbrio das suas contas.
Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais, principalmente com quem está começando a organizar as finanças.
