Bolsas de valores e mercados à vista, a termo, futuro e de opções (mercado de balcão organizado)
Na bolsa de valores são negociados títulos e valores mobiliários, como, por exemplo, as ações, que consistem na menor parcela do capital de uma empresa. A Resolução nº 2.690, de 21 de janeiro de 2000, e suas alterações posteriores disciplinaram a nova constituição e funcionamento das bolsas de valores, de modo que elas podem deixar de ser entidades sem fins lucrativos e se transformar em sociedades anônimas de capital aberto, cujos sócios, além das corretoras, podem ser pessoas físicas e jurídicas (FORTUNA, 2015).
A Bolsa de Valores de São Paulo se juntou à Bolsa de Mercadoria e Futuros (BM&F), abriu seu capital e vendeu as ações na própria bolsa, em que diariamente são negociadas por milhares de acionistas no mercado secundário — compra e venda de ações entre acionistas. A BM&F era uma bolsa autônoma desde a sua criação. Todavia, desde a união com a Bolsa de Valores de São Paulo, em 2008, tornou-se a BM&FBovespa. Além disso, a partir de 2017, passou a ser denominada B3 (Brasil, Bolsa, Balcão) — a única Bolsa de Valores do Brasil.
É importante destacar que os contratos negociados no segmento BM&F podem ser:
- contratos futuros de índices de ações;
- ouro;
- dólar;
- taxas de juros;
- produtos agrícolas;
- entre outros.
Principais bolsas de valores do mundo
Na lista de bolsas mais importantes, podemos citar a New York Stock Exchange (NYSE), situada na ilha de Manhattan em Nova York, EUA, que é a maior do mundo, seguida pela National Association of Securities Dealers Automated Quotations (NASDAQ), também de Nova York, na qual são negociadas as ações de empresas de alta tecnologia. Na sequência da lista, podemos destacar as bolsas de valores de Tóquio, no Japão, a bolsa de Londres, na Inglaterra, a Euronext, situada em Amsterdã, capital da Holanda, a DAX-30 de Frankfurt, na Alemanha, as de Hong Kong e Xangai, na China, e assim por diante.
Bolsa de valores no Brasil
A princípio, as bolsas operavam com o tradicional sistema chamado de “pregão de viva-voz”, cujas imagens às vezes eram transmitidas nos programas de TVs. Todavia, atualmente esse sistema foi extinto, prevalecendo somente as negociações eletrônicas.
As bolsas de valores não só promovem a negociação de títulos como também a sua liquidação financeira e a custódia de títulos e valores mobiliários e títulos da dívida pública do Tesouro Nacional — através das corretoras, distribuidoras e clearings. As corretoras e distribuidoras de valores são as intermediárias especializadas, responsáveis pela execução das ordens de compra e venda de seus clientes ou delas próprias (como a XP Investimentos).
Nas corretoras, há o sistema de home broker e mobile broker, através dos quais os investidores podem realizar suas operações em casa através de um notebook ou smartphone conectado à internet.
Embora autônoma, a B3 opera sob a supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que também fiscaliza os demais membros e as operações realizadas. O mercado de bolsa é o mercado diário em que são realizadas as negociações dos títulos e valores mobiliários, como, por exemplo, as ações e debêntures.
O tempo de negociação de um pregão normal é de sete horas, acrescido de uma hora para o chamado After Market, no qual as cotações das ações não podem oscilar mais do que 2% em relação ao valor de fechamento do pregão normal.
A liquidação financeira de uma ordem de compra ou venda de ações é de dois dias úteis, isto é, se um cliente vender uma ação, ele receberá o dinheiro após dois dias úteis, creditado diretamente em sua conta-corrente na corretora. Da mesma forma, se o cliente comprar ações, em dois dias úteis deverá provisionar o saldo na conta para ser debitado.
Diariamente, é informado o índice de variação da Bolsa de Valores. Trata-se do índice Ibovespa, o indicador mais importante, o qual é composto pela variação média das cotações (quantidade média x preço do último negócio), cerca de 60 a 65 ações das empresas mais representativas negociadas, em relação ao fechamento do dia anterior.
BM&FBovespa
A BM&FBovespa foi constituída em 2008 e surgiu da união entre a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F S.A.) e a Bovespa Holding S.A., as duas maiores da América Latina. As operações e produtos negociados na Bovespa são compostos de ações de companhias abertas, notas promissórias, futuro de ações, opções sobre ações, warrants, Brazilian Depositary Receipts (BDRs), Risk Control Self Assessment (RCSA), Exchange Traded Funds (ETFs), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) e Fundos de Investimento Imobiliário (FII).
A BM&FBovespa foi criada pela fusão da Bovespa Holding S.A. e da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F S.A.) em 12 de agosto de 2008. A nova companhia foi líder nos segmentos de ações e derivativos na América Latina. Em 22 de março de 2017, ocorreu mais uma fusão: a Brasil, Bolsa, Balcão (B3), que surgiu com o formato atual após a fusão da BM&FBovespa com a CETIP, passando a ser a 5ª maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo (BOLSA DE VALORES, s. d.) |
Deveres e obrigações da B3:
- manter equilíbrio entre seus próprios interesses e o interesse público a que deve atender, como responsável pela preservação e autorregulação dos mercados por ela administrados;
- cabe à entidade administradora aprovar regras de organização e funcionamento dos mercados de manutenção de elevados padrões éticos de negociação nos mercados por ela administrados.
As regras de negociação da Bolsa devem:
- Evitar ou coibir modalidades de fraude ou manipulação destinadas a criar condições artificiais de demanda, oferta ou preço dos valores mobiliários negociados em seus ambientes;
- Assegurar igualdade de tratamento às pessoas autorizadas a operar em seus ambientes;
- Evitar ou coibir práticas não equitativas em seus ambientes;
- Fixar as variações de preços e quantidades ofertadas, no ambiente de negociação que for caracterizado como centralizado e multilateral, que exige a adoção de procedimentos especiais de negociação, bem como os procedimentos operacionais necessários para quando tais variações forem alcançadas, respeitadas as condições mínimas que forem estabelecidas pela CVM em regulamentação específica.
A B3 — Câmara de Ações tem como objetivo compensar, liquidar e controlar o risco das obrigações decorrentes de operações à vista e de liquidação futura com qualquer espécie de valores mobiliários, títulos, direitos e ativos realizadas na Bolsa, em outras bolsas ou outros mercados. É uma Clearing House.
São negociados na B3:
- ações;
- derivativos (opções, futuro e termo);
- Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
- Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA);
- debêntures;
- letras financeiras;
- fundo imobiliário;
- fundo de participações;
- fundo de direitos creditórios; e
- Exchange Traded Funds (ETF).
Tipos de mercados
Mercado à vista
É no mercado à vista que são efetuadas a compra e a venda dos títulos emitidos pelas empresas negociadas nas bolsas de valores. Nesse mercado, as operações de compra e venda de ações são liquidadas em curtos períodos. No Brasil, por exemplo, isso ocorre em até dois dias úteis. As negociações de ações no mercado à vista ocorrem através de lotes de ações, que são quantidades determinadas, podendo ser negociadas unitariamente ou em lote padrão de cem, mil ou até mais ações. A existência desses lotes facilita o processo de negociação. No entanto, se o investidor desejar, ele poderá utilizar uma quantidade particular, chamada de fracionário — uma ação apenas, por exemplo (FORTUNA, 2015).
A negociação no mercado à vista pode ser observada através do tempo de cada etapa do processo de negociação. É comum a adoção do termo “D+0” para a data de realização do pregão eletrônico em que houve a negociação de compra ou venda. Na data “D+2”, isto é, dois dias após a negociação, a corretora intermediadora do processo de venda das ações entrega os títulos pelo sistema eletrônico, recebendo em troca um crédito correspondente ao valor dessa operação; já a corretora compradora recebe as ações nessa mesma data; em contrapartida, há um débito em conta correspondente ao valor das ações.
Outro aspecto da negociação são os termos de liquidação. A liquidação física ocorre quando há transferência dos títulos negociados, enquanto a liquidação financeira é o termo adotado para a transferência de recursos financeiros. Além disso, é importante lembrar que o ganho líquido é a diferença entre o valor de venda de algum ativo e o seu custo de aquisição.
Além do mercado à vista, há os mercados de derivativos, entre eles: os mercados a termo, futuro e de opções. No próximo tópico, será abordado o mercado a termo.
Mercado a termo
O mercado a termo permite que o comprador adquira, no futuro, o ativo desejado por um preço predeterminado, de modo que este seja isento de oscilações indesejadas no mercado. Isso também ocorre com o vendedor, que terá uma garantia de venda do ativo por um preço predeterminado.
Ele permite que negociantes fixem o preço futuro dos ativos negociados entre as duas partes. Os pagamentos são previamente estipulados para uma data predeterminada através de um contrato chamado de termo, o qual não pode ser transferido a um terceiro.
No Brasil, os contratos a termo podem durar 30, 60, 90, 120 e 180 dias corridos, sendo que as transações a termo ocorrem mediante um depósito de garantia junto à Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC). Essa garantia pode ser apresentada a partir de duas formas: cobertura e margem. Através da cobertura, há necessidade de depositar o ativo junto à CBLC; já através da margem, é necessário que seja depositado um valor correspondente ao preço negociado pelo ativo, o qual pode consistir em outras ações e títulos autorizados pela CBLC (FORTUNA, 2015).
Trata-se de um instrumento normalmente utilizado para se precaver contra riscos indesejáveis, abrindo mão de ganhos potenciais no período. Outro mercado que adota uma lógica semelhante é o mercado futuro, tema do próximo tópico.
Mercado futuro
O mercado futuro se assemelha ao mercado a termo, pois ambos determinam um valor futuro para a liquidação de uma negociação. Todavia, no mercado futuro, os preços dos contratos são cotados livremente, assim como no mercado à vista, ou seja, a negociação não ocorre apenas entre duas partes. Portanto, o mercado futuro permite que um investidor revenda o contrato para um terceiro, diferentemente do mercado a termo.
Outro aspecto peculiar do mercado futuro é o ajuste da posição dos contratos, que é realizado diariamente, ao contrário do que ocorre no mercado a termo, em que o contrato só é liquidado no vencimento. Devido às semelhanças entre ambos, o mercado futuro é considerado uma evolução natural do mercado a termo, visto que representa a possibilidade de fixar um preço futuro sem perder a flexibilidade de sair da posição comprada ou vendida no momento em que o negociador assim o desejar.
Mercado de opções
As opções são direitos de compra ou venda de um determinado ativo, por preço e prazo preestabelecidos. Trata-se literalmente de uma “opção de compra” ou “opção de venda”. Como a próprio “opção” diz, o detentor de uma opção tem o direito de escolha ao comprar ou vender um ativo, conforme as condições predeterminadas.
O mercado de opções é uma alternativa de se prevenir contra oscilações indesejáveis nos preços das ações. Desse modo, as opções são contratos que estabelecem preço e prazos para a liquidação, de forma a tornar uma operação mais previsível. Assim sendo, o detentor de uma opção de compra de uma ação, por exemplo, poderá exercer a opção de comprá-la no dia de vencimento pelo preço do contrato. Considere uma ação PETR4 da empresa Petrobras, cujo direito de compra é de R$ 20,00 ao final do próximo mês. Caso a ação esteja por R$ 25,00 no mercado à vista, essa opção garante ao detentor o direito de comprá-la por um preço menor do que o contato no mercado à vista. É possível também que a ação esteja R$ 19,00 no próximo mês. Nesse caso, é preferível não exercer a opção e comprá-la diretamente do mercado à vista.
Participantes do mercado de derivativos:
- Hedgers: negociantes em busca de proteção de suas operações de compra ou venda;
- Arbitradores: negociantes que buscam ganhos com o diferencial de preços de um ativo em mais de um mercado; e
- Especuladores: negociantes que buscam ganhos por meio dos contratos.
Referências da aula
BOLSA DE VALORES. Relações com Investidores: Histórico. Disponível em: <https://ri.b3.com.br/pt-br/b3/historico/>. Acesso em: 20 de jul. de 2020.
BRASIL. Resolução nº 2.690, de 28 de janeiro de 2000. Altera e consolida as normas que disciplinam a constituição, a organização e o funcionamento das bolsas de valores. Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/normativos/res/2000/pdf/res_2690_v1_o.pdf>. Acesso em: 20 de jul. de 2020.
FORTUNA, Eduardo. Mercado Financeiro: Produtos e Serviços. 20ª ed. Editora Qualitymark, 2015.