Gestão de Carteiras – Estratégias Passivas

 

As estratégias passivas são todas as estratégias que tem por objetivo replicar o comportamento de um índice. Elas são apropriadas para uma ampla variedade de mercados e situações, como:

  • Investimento em empresas de grande capitalização e liquidez: nestes casos, a probabilidade de obter lucros acima da média, e acima dos custos de transação, é baixa, dada a maior eficiência de mercado para ativos dessas empresas.
  • Quando se quer reduzir custos de transação: altos custos de transação estão associados à necessidade de realizar operações constantemente. Geralmente essa necessidade é maior para as estratégias ativas.
  • Investimentos fora do país e globais: nos mercados de capitais internacional, o investidor estrangeiro pode carecer de informações que os investidores locais possuem. Nesse caso, o gestor estrangeiro estaria em desvantagem ao adotar estratégias ativas.

Estas situações são válidas para o ponto de vista do gestor. No entanto, do ponto de vista do investidor comum, há ainda a situação em que não se tem conhecimento ou experiência suficiente para remunerar uma carteira ativa acima do mercado, ou mesmo escolher entre diversas opções de fundos ativos. Nestes casos, é razoável que o investidor opte por ETF’s ou fundos indexados.

Entre as modalidade de investimentos indexados, podemos citar:

 

Fundos de investimento

Fundos em que o gestor utiliza técnicas de indexação para replicar os retornos de um índice. Nesta modalidade, o fundo aumenta conforme entram novos investidores, havendo a necessidade de comprar mais ativos. Além disso, sempre que um investidor deseja resgatar seu investimento, o gestor precisa vender parte dos ativos do fundo para levantar os recursos necessários para pagá-lo. Por essa razão, é preciso lidar com problemas de liquidez e há sempre um prazo de resgate, que é o tempo necessário para os gestores organizarem a compra e venda de ativos conforme o ingresso ou retirada de investidores.

 

Fundos de investimento de estilo

Outra forma de estratégia passiva ocorre através dos índices de estilo, como, por exemplo, os índices de dividendos ou com foco em ações de rápido crescimento. Existem vários provedores para esses índices, sendo que alguns diferenciam seus estilos usando apenas algumas variáveis, enquanto outros utilizam várias. O estilo pode ser diferenciado usando múltiplos, como taxas de crescimento de lucros, dividendos e outras variáveis de preço. Veremos de forma detalhada a divisão por estilos em aulas posteriores.

Há basicamente três formas de divisão por estilos: growth e value. Na primeira, as ações são categorizadas como growth ou value. Na segunda, elas podem ser categorizadas também como neutras, ou seja, há uma categoria a mais. E na terceira, não há divisão por categorias, mas uma mistura de características. Por exemplo, se as características predominantes da ação forem de valor, mas também houver algumas características das ações que sugerem crescimento, ela poderá ser classificada como de crescimento de 30% e 70% de valor. Nos dois primeiros métodos, o estilo é percebido como uma categoria; já no terceiro método, ele é definido como uma quantidade.

A visualização do estilo como uma categoria significa que não haverá sobreposição quando um índice de estilo for construído, ou seja, uma ação individual será atribuída a um único estilo (valor ou crescimento). Já a utilização de estilo como uma quantidade significa que haverá sobreposição. Algumas características da ação podem ser atribuídas ao valor e outra parte pode ser atribuída ao crescimento. Isso ocorre quando uma ação não pertence, claramente, à uma ou outra categoria.

Exemplos de índices com sobreposição de estilo são os índices de crescimento e valor de Russell, em que o ranking de crescimento é determinado pela razão preço/valor contábil, bem como por uma estimativa de crescimento de longo prazo. Nessa lógica, algumas ações são divididas entre o crescimento e valor, como, por exemplo, 20% da capitalização de mercado no índice de crescimento de Russell e 80% no índice de valor de Russell. A justificativa para a existência de apenas duas categorias é que muitos gerentes de investimentos têm uma diretiva definida de valor ou crescimento, a qual eles devem seguir. O índice de Russel, vale destacar, utiliza variáveis como valor de mercado em relação ao valor contábil e previsão de crescimento para categorizar as ações. Esta é a forma mais comum de categorizar, sendo que alguns índices utilizam poucas variáveis e outros diversas, como taxa de distribuição de dividendos, múltiplos de preços, entre outros.

Outra característica responsável pela distinção entre as metodologias de índice é a presença de regras de amortecimento. Quando o índice possui essas regras (buffer), a ação não será imediatamente movida de uma categoria de estilo para outra quando suas características de estilo se alterarem. A presença dessas regras de movimento significa que haverá menos rotatividade dentro dos índices de estilo. Portanto, os custos de transações serão reduzidos devido à menor necessidade de reequilíbrio para gerentes.

 

ETFs

Trata-se de um fundo negociável em bolsa, geralmente de estratégia passiva. Diferente dos fundos de investimento, os ETF’s não aumentam ou reduzem conforme a entrada e saída de investidores, pois são negociados em formas de cotas de participação. Assim, para um investidor se desfazer de sua posição no ETF, basta vendê-lo no mercado. Um exemplo de ETF negociado no Brasil é o BOVA11, que replica os ativos do índice IBOVESPA.

O valor de um fundo de investimento em índice é calculado utilizando o valor do ativo líquido, normalmente é fornecido apenas uma vez por dia, no final do dia, quando as negociações são contabilizadas. Em contraste, os negócios de um ETF acontecem durante todo o dia. Em segundo lugar, os ETFs não precisam manter registos de informações para os acionistas, ao contrário dos fundos mútuos. Essas despesas podem ser significativas, especialmente se o fundo possuir um grande número de pequenos acionistas. Como consequência, alguns fundos de investimento cobram taxas dos cotistas com base no montante que eles investiram. Note, no entanto, que existem despesas transacionais associadas aos ETFs, pois as trocas são realizadas através de corretores como ações ordinárias.

ETFs são ainda fiscalmente mais eficientes do que os fundos. Normalmente, quando um investidor deseja liquidar suas posições em ETF, ele as vende para outro investidor, o que não é um evento tributável para o ETF. No fundo de índice, resgates pelos acionistas podem exigir a venda de títulos, que poderia constituir um evento tributável para esse fundo, o qual é passado para os acionistas. Por fim, os custos de segurar um ETF por longo prazo é inferior em relação a uma cota do fundo mútuo de índice. Devido às diferenças em redenção descritas anteriormente, as taxas de gestão decorrentes de impostos e a venda de títulos em um ETF são geralmente muito menores em relação aos fundos comuns.

 

Futuro de ações

É uma alternativa de investimento passivo onde o investidor pode adquirir futuros do índice. Sua desvantagem é que é uma estratégia que precisa ser renovada por conta do vencimento dos contratos futuros.

 

Total Return Equity SWAPS

Uma alternativa ainda de indexar um investimento são os “Total Return SWAPS. Com eles, uma das partes do contrato paga uma taxa definida, que pode ser fixa, variável, e a outra parte faz pagamentos baseados nos retornos de um ativo, incluindo ganhos de capital e renda gerados, sendo que este ativo se trata geralmente de um índice de ações ou cesta de títulos. 

 


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Doutor em Economia pela Universidade Federal de Santa Catarina e mestre em Economia Aplicada (quantitativa) pela UFPEL. É economista, especializado em Finanças pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atuou como Agente Autônomo de Investimentos (ANCORD), Analista e Controller. Pesquisador com publicações científicas internacionais sobre efeitos spillover e herd behavior no mercado de capitais. Autor de 7 livros.

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