De acordo com o Relatório de Economia Bancária de 2022 do Banco Central, a alta inadimplência é o principal fator que leva os bancos a cobrarem taxas de juros tão elevadas.
Muitas vezes, percebe-se que o senso comum de que os juros no Brasil são elevados coloca em segundo plano a verdadeira discussão: quais fatores influenciam na formação dos juros e como atuar para reduzi-los.
E é isso o que revela o Relatório de Economia Bancária de 2022 do Banco Central, o qual trouxe o Indicador de Custo de Crédito (ICC), que é divulgado desde abril de 2017, e mostrou que quase um terço do spread bancário tem origem na inadimplência. Ou seja, a inadimplência tem a maior fatia entre os componentes que influenciam o custo de crédito para famílias e empresas no Brasil.
Mas o que é o Spread Bancário?
O spread é a diferença entre o custo de captação de recursos pelos bancos e o que é efetivamente cobrado dos clientes na ponta final. O spread, portanto, não se confunde com a margem de lucro, que é apenas uma parte deste.
A taxa final paga pelos tomadores equivale à soma do spread mais o custo de captação dos bancos. Em termos práticos, quanto maior o spread, maior o juro pago em operações de crédito, como o financiamento de um carro ou de um imóvel. Assim, voltando para a questão da inadimplência vale entender por que ela é o principal fator do alto spread bancário do país.
A economista Isabela Tavares, especialista no mercado de crédito da Tendências Consultoria Integrada, revela que sobre a inadimplência: “O que pesa é o atraso nos pagamentos, que acabam trazendo maior risco de crédito para os bancos, pressionando o custo para o tomador final.”.
Somado a isso, junto da inadimplência, há ainda o risco jurídico, que representa o risco da instituição emprestar o dinheiro, acabar não sendo paga e não conseguir nenhuma forma de reaver o montante. Entretanto, vale destacar que segundo especialistas esta pressão de custos, não se resume à discussão sobre se o brasileiro é ou não um bom pagador. A questão é estrutural.
Vale trazer ainda a concentração bancária, comum no Brasil, e que também ajuda no elevado spread bancário do país, o qual fica evidente, por exemplo, na taxa de juros do cartão de crédito que chegou a 441,3% em setembro de 2023, segundo relatório do Banco Central.
Os dados mais recentes apontam que em 2021, os cinco maiores bancos do país (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander) detinham 76,6% dos ativos totais do segmento bancário comercial. No final de 2020, o percentual era de 77,6% e, em 2016, foi registrado o valor mais alto, 82%.
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