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Diferenças Conceituais entre a Análise Técnica e a Análise Fundamentalista

Diferenças Conceituais entre a Análise Técnica e a Análise Fundamentalista Pro Educacional

Diferenças Conceituais entre a Análise Técnica e a Análise Fundamentalista


 

Texto



Segundo Gitman (2004, p. 47), "os índices de atividade medem a velocidade com que diversas contas são convertidas em vendas ou caixa - entradas ou saídas". Desse modo, é importante conhecer o resultado da movimentação de contas específicas através da medição das contas circulantes consideradas mais importantes, que são estoques, contas a pagar e contas a receber.

Os índices de atividade medem a eficiência da gestão da empresa. Para melhor análise desses índices, é necessário conhecer o ciclo de produção (também chamado de ciclo operacional - CO), que se inicia na aquisição de matéria-prima e termina no recebimento das vendas do produto final. O CO envolve continuamente todas as fases operacionais da empresa.

De acordo com Brigham & Ehrhardt (2012, p. 90): "Se uma empresa possui investimentos excessivos em ativos, então seu capital operacional será desnecessariamente alto, o que reduzirá seu fluxo de caixa livre e, consequentemente, o preço de suas ações. Entretanto, se uma não possui ativos suficientes, então ela perderá venda, o que prejudicará a rentabilidade, o fluxo de caixa livre e o preço das ações. Portanto, é importante ter a quantidade correta investida em ativos".

 

Estocagem

A análise da estocagem é realizada a partir do cálculo do giro do estoque, cujo objetivo é medir a atividade (liquidez) do estoque. Assim, o resultado encontrado pode ser equiparado à média de dias em que um produto permanece no estoque no período de um ano. O giro do estoque é calculado da seguinte maneira:

 

 

Aplicando esse cálculo no exemplo dos quadros de BP e DRE apresentados anteriormente, temos que:

 

 

 

Esse resultado aponta que a empresa renova seus estoques 5,32 vezes ao ano. Recomenda-se que esse indicador seja o maior possível, pois, salvo algumas exceções devido às características do segmento em que a empresa atua, ela precisa girar seu estoque rapidamente, de modo a evitar a obsolescência ou, em caso de produtos perecíveis, o vencimento do prazo de validade. Além disso, armazenar estoques implica um esforço financeiro para sua manutenção, o que provoca gastos com o local físico da armazenagem, capital humano para gerenciá-lo e custo de oportunidade do capital que está investido no estoque.

De modo exemplificado, o giro do estoque é convertido em idade média do estoque ou Prazo Médio de Estocagem (PME), que é o número de dias que um estoque demora, em média, para ser vendido. Para calcular o PME, utiliza-se a seguinte fórmula:

 

 

 

Aplicando o resultado anterior na fórmula, obtém-se:

 

 

 

Nesse caso, o prazo médio de estocagem é de aproximadamente 68 dias, isto é, o tempo médio que um produto leva para ser vendido. Prazos elevados precisam ser reduzidos. Para isso, a empresa deve avaliar o porquê de o produto não apresentar saída, cujos motivos podem ser:

  • a produção da empresa é superior à demanda e, por isso, precisa ajustá-la, pois, além de aumentar o custo com o estoque, demandas elevadas reduzem o preço;
  • o preço de oferta do produto está compatível com a concorrência;
  • o produto não está sendo bem-posicionado no mercado;
  • o ponto de venda não atinge o público-alvo;
  • etc.

 

 

Recebimento

O recebimento da empresa é reflexo da política de crédito e cobrança. O ideal seria o recebimento das vendas à vista. No entanto, a organização pode conceder prazos a seus clientes por meio das chamadas duplicatas a receber. A fim de manter sua liquidez, o giro das duplicatas a receber deve ser rápido. Esse giro mede quanto tempo decorreu entre a venda e o recebimento do dinheiro. O cálculo desse índice é realizado da seguinte forma:

 

 

 

Considerando as tabelas de BP e DRE, verificamos que a receita bruta de vendas, isto é, a receita operacional bruta, é de R$ 5.815,00. Já as duplicatas a receber (na categoria de AC - clientes) indica o valor de R$ 810,00. Com a aplicação dos valores na fórmula, temos:

 

 

 

Esse exemplo demonstra que, no período fiscal, a empresa renova os clientes ou duplicatas a receber pouco mais que sete vezes, ou seja, o cliente paga pelas vendas 7,18 vezes ao ano. A partir disso, é possível calcular o Prazo Médio de Recebimento (PMR) por meio da seguinte fórmula:

 

 

 

Ao inserir os valores na fórmula, temos a seguinte quantidade de dias em cada ciclo de recebimento:

 

 

 

O resultado indica que, em média, a empresa recebe o pagamento de seus clientes no prazo aproximado de 51 dias. O PMR deve ser o menor possível, pois o ideal seria vender e receber à vista. No entanto, as forças do mercado influenciam a política de crédito da organização, que não pode ser muito distinta da aplicada por seus concorrentes. Por isso, o PMR também pode ser denominado em dias de vendas em aberto, em inglês, Days Sales Outstanding (DSO). Assim, se o PMR for muito longo, a empresa precisará de mais capital de giro, ou seja, de recursos voltados para sua operacionalização diária, utilizados para efetuar pagamentos ou manter estoques.

É preciso entender também que, quando uma empresa concede crédito a seu cliente (vendas a prazo), ela assume o risco da inadimplência, além de elevar o CO e o Ciclo Financeiro (CF), que estudaremos com mais detalhes a seguir. Por outro lado, se não houver uma política de crédito, ou seja, se as vendas forem realizadas somente à vista, a empresa pode perder o cliente para a concorrência.

A partir disso, é possível compreender a importância da fórmula apresentada, que admite que todas as vendas sejam efetuadas a prazo e permite que a empresa esteja preparada para o PMR, armazenando o dinheiro necessário como capital de giro, de modo que não haja imprevistos nem necessidade de contratar empréstimos ou financiamentos, que incidem sobre taxas de juros. Portanto, percebemos que financeiramente será melhor para a empresa se o giro das duplicatas a receber for alto (rápido) e o PMR for baixo. Mas isso nem sempre é possível e, neste caso, é necessário aliar os recebimentos aos pagamentos, assunto do próximo subtópico.

 

 

Pagamento

O giro do pagamento aos fornecedores ou giro das duplicatas a pagar considera quantas vezes as dívidas são liquidadas com os fornecedores em um exercício fiscal. Esse giro pode ser calculado por meio da fórmula a seguir:

 

 

 

Retirando os dados das tabelas de BP e DRE para o exemplo adotado, podemos verificar que as compras anuais (ou montante de compras) é de R$ 3.034,00. Os fornecedores equivalem a 568. Assim, temos:

 

 

 

A empresa paga aos fornecedores aproximadamente 5,34 vezes em determinado período. Para sabermos a quantidade de dias em cada giro, é preciso utilizar a fórmula do Prazo Médio de Pagamento (PMP):

 

 

 

Aplicando os valores do exemplo na fórmula, temos:

 

 

 

Através do resultado, é possível perceber que a empresa paga seus fornecedores, em média, a cada 68,35 dias. No entanto, espera-se que esse número seja o maior possível. O ideal é que o PMP seja sempre superior ao PMR, pois indica que a empresa recebe pela venda aos clientes antes do pagamento aos fornecedores.

O PMP, ao contrário do PMR, deve ser alto a fim de que a empresa possua tempo e recursos suficientes para quitar suas obrigações com os fornecedores. Portanto, o ideal é que a empresa receba antes e pague depois.

 

Referência Bibliográfica

EHRHARDT, Michael C.; BRIGHAM, Eugene F. Administração financeira: teoria e prática. São Paulo: Cengage Learning, 2012.

GITMAN, L. J. Princípios de Administração Financeira, 10ª ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004.

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