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Fundos de Índice (ETF): Renda Variável

Fundos de Índice (ETF): Renda Variável Pro Educacional

Fundos de Índice (ETF): Renda Variável


 

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Fundos de Renda Variável

O Exchange Traded Funds (ETF) de Renda Variável (ou ETF de ações) é o fundo de índice de ações negociado em Bolsa que corresponde a uma comunhão de recursos designados à investimento em um portfólio de ações que procura retornos que espelhem (por sua vez, no geral antes de taxas e despesas) ao desempenho de um índice de referência, isto é, de carteiras teóricas que sejam compostas (em sua maioria) por índice de ações.

Observação: admite-se, como índice de referência do ETF de ações, qualquer índice de ações que seja reconhecido pela CVM.

Os ETF de Renda Variável possibilitam ao investidor o ato de fazer a avaliação do comportamento de um conjunto específico de ações em relação à outro conjunto de ações, ou ainda, ao seu próprio portfólio de ações, pois os índices são computados através de uma carteira teórica de ações, feita somente para mensurar a performance de tais ativos.

Da mesma maneira que em outros tipos de fundos de ações, os fundos de índices de ações são um investimento coletivo, em que os recursos de um conjunto de investidores são juntos aplicados no mercado de ações. Os ganhos de capital são repartidos entre os participantes na proporção do valor desprendido por cada um dos investidores do grupo.

O somatório dos recursos dos investidores que formam a composição do patrimônio do fundo, que é aplicado por um investidor profissional. Este toma a decisão de escolha de investimentos, com os recursos, conforme políticas pré-estabelecidas. Consequentemente, se os investimentos dão resultado positivo, então as cotas do fundo se valorizam –, e, vice-versa.

A Bolsa de Valores Brasileira (B3) fornece um ambiente adequado para a emissão e para o resgate das cotas de ETF de Índices de ações. Podemos destacar como principais características do mercado primário de um ETF.

  • Basicamente, os processos de integralização e de resgate das cotas possibilita que o ETF venha a aumentar ou a reduzir o seu patrimônio. Por um lado, por meio do processo de emissão de novas cotas e, por outro, através do cancelamento das cotas já existentes pelo administrador do ETF;
  • Para a emissão e para o resgate das cotas, necessariamente, haverá de ser usado o valor patrimonial cuja apuração se deu no fechamento do dia da solicitação;
  • O valor patrimonial da cota resulta da divisão do valor do patrimônio líquido do ETF pelo número das cotas que existem no fechamento do dia. Sua apuração é baseada em critérios idênticos aos usados para calcular o valor de encerramento do índice de referência;
  • Os investidores que querem aplicar em um fundo de renda variável por meio deste procedimento no mercado primário, haverão de realizá-lo através dos agentes autorizados pelo ETF, que, por sua vez, são as distribuidoras de títulos e valores mobiliários ou as corretoras.

Os investidores que desejam investir em um ETF no mercado primário devem fazê-lo por meio dos agentes autorizados pelo fundo, que no Brasil são as corretoras ou distribuidoras de títulos e valores mobiliários. O processo de integralização de cotas, que ocorre por meio do intermédio de um agente autorizado, requer a entrega da cesta de ativos ao administrador em troca do lote mínimo de cotas do ETF. O lote mínimo e máximo de ativos financeiros para emissão e resgate das cotas precisará ser estabelecido no regulamento do Fundo. Já o processo de resgate das cotas, quando solicitado pelo investidor através de um agente autorizado, requererá a entrega de pelo menos um lote mínimo de cotas do ETF ao administrador em troca da cesta de ativos. Lembrando que as cotas do ETF são negociadas na B3 de forma semelhante às ações. Ao adquirir tais cotas, o investidor, indiretamente, passa a deter todas as ações da carteira teórica do índice, sem ter que comprá-las separadamente no mercado, assim, o ETF pode proporcionar maior agilidade e eficiência no momento de diversificar seus investimentos.

Na figura abaixo temos as principais características técnicas dos ETFs de renda variável negociadas na B3.

 

 

Modelo In Kind

  • Acontece pela intermediação de um agente autorizado;
  • O processo de integralização de cotas, requisita a entrega da cesta de ativos ao administrador em troca do lote mínimo de cotas do ETF de ações;
  • O processo de resgate das cotas, requisita a entrega de pelo menos um lote mínimo de cotas do ETF de ações ao administrador em troca da cesta de ativos;
  • O lote mínimo e máximo de ativos financeiros para a emissão e para o resgate das cotas são definidos no regulamento do Fundo.

 

Investimentos dos fundos de ações

Basicamente, os fundos de renda variável haverão de, no mínimo, investir 67% de seu patrimônio em ações ou outros valores mobiliários associados a ações (como, por exemplo, bônus e/ou recibos de subscrição, cotas de outros fundos de ações, cotas de fundos de índices de ações, BDRs e certificados de depósito de ações) negociadas em mercados organizados, como, por exemplo, Bolsa de Valores. A parte restante, ou seja, 33%, poderá ser investida em outras formas de ativos financeiros.

 

Principal fator de risco dos fundos de ações

O maior fator de risco do ETF de ações é a variação nos preços das ações que fazem a composição de sua carteira, ou seja, por ser focado em renda variável pode trazer uma alta volatilidade. Consequentemente, a variação do valor da cota pode ser veloz e alta. Notavelmente, o fundo é mais recomendado para investimentos de longo prazo e que aguentem uma exposição mais forte a riscos em favor de uma esperança de retorno maior.

O regulamento do Fundo de Renda Variável pode permitir uma política mais flexível de investimentos, por sua vez, ao possibilitar ao gestor a aplicação em qualquer tipo de ação de companhias, atrelar a carteira a determinado setor da economia ou determinar que haverá de ser seguido um índice de ações, como o IBrX100, IBrX-50 ou Ibovespa.

 

Vantagens dos fundos de ações

  • Taxa de administração: A taxa de administração do ETF de Renda Variável é, em geral, menor em comparação com fundos de renda variável tradicional. O investidor apenas será cobrado pelos dias em que permanecer com as cotas em seu portfólio, como acontece nos fundos tradicionais;
  • Diversificação: Somente com uma transação, os ETFs de renda variável concebem o investimento em um portfólio diversificado de ações, uma vez que os portfólios costumam estar separados em diversos ativos, e não concentrados, a menos que haja o contraexemplo de estratégia de fundo que invista em poucas ações.

Em síntese, os ETFs possibilitam a exposição do investidor sobre todos as ações que formam o portfólio do seu índice de referência. Uma maneira mais simples de investir na Bolsa de Valores, pois quem decide em quais ações comprar ou vender não é o investidor (pessoa física, mas sim um investidor profissional. Ao investidor, cabe apenas alocar recursos no fundo.

 

Mercado secundário

Como acontece com uma ação, existe a possibilidade de comprar e de vender cotas de ETF de renda variável no mercado secundário. Operacionalmente, o crédito e o débito dos valores acontecerão no dia útil que segue ao do fechamento da operação (D+1) na conta do investidor.

 

Acompanhamento da posição

Permite ao investidor a possibilidade de acompanhamento, até em tempo real, das alterações na composição ou na proporção da carteira teórica de ações de renda variável do índice de referência sem precisar fazer a compra ou venda de tais ações.

 

Gestão profissional

Entre as maiores vantagens de se investir em fundos de índices de ações está a terceirização da gestão das aplicações em renda variável para um profissional especializado, que determina sobre os investimentos conforme um conjunto de critérios e análises. Porém, investidores com maior conhecimento sobre o mercado não possuem a chance de interferir nas deliberações ou fazer a escolha das ações que vão ser negociadas, pois isso cabe ao gestor.

 

Tipos de fundos de índices de ações

Para melhorar o entendimento dos investidores, a ANBIMA classifica os fundos de ações em categorias que denotam as estratégias principais usadas por eles:

a) Fundos de Dividendos

São os ETF de ações que procuram investir em ações de companhias com um histórico robusto de distribuição de dividendos (isto é, a parte do lucro que as empresas distribuem para os seus acionistas). Em geral, setores como o elétrico e o de serviços públicos apresentam um maior dividend yield (isto é, taxa de retorno com proventos).

b) Small caps

Fundos de small caps investem, no mínimo, 85% do patrimônio em ações de empresas com baixa capitalização de mercado. Para a ANBIMA, define-se como small caps os papéis que não estiverem entre as 25 maiores participações do IBrX (ou seja, o Índice Brasil – um dos índices de ações da Bolsa de Valores).

Os demais 15% do patrimônio poderão ser investidos em ações com maior liquidez ou capitalização de mercado (não sendo uma das dez ações de maior representatividade do IBrX). Fundos de small caps tendem a possuir maior volatilidade, pois estas ações apresentam menor liquidez no pregão. Com menor negociabilidade que os grandes papéis, as suas cotações apresentam mais sobressaltos.

c) Fundos Setoriais

São exemplos de fundos setoriais, os fundos de ações de companhias de infraestrutura, de varejo, da indústria, etc., que invistam em empresas de um mesmo ramo ou conjunto de setores com afinidades na economia. Para a adoção desta estratégia, é necessário destacar em suas políticas de investimento os critérios para a escolha dos setores, subsetores ou ramos escolhíeis para os investimentos.

d) Investimentos no exterior

Há a possibilidade de que fundos invistam em ativos fora do Brasil, uma vez que sigam alguns limites. A sua denominação levará, obrigatoriamente, a inscrição “investimento no exterior” na situação de investir mais de 40% do patrimônio líquido fora do país. Regra que vale ainda para os fundos de ações, que permitem alavancagem.

e) Fundos Específicos

São denominados de fundos específicos aqueles que adotam alguma característica específica ou estratégias de investimento específica. Como, por exemplo, os fundos fechados (em que só é permitida a entrada de investidores em períodos estabelecidos e as cotas só podem ser resgatadas ao fim do prazo do fundo), os fundos de ações FMP-FGTS (que possibilitam investir os recursos do FGTS em ações de estatais) e os fundos de mono ação (que aplicam em ações de somente uma companhia).

f) Fundos Livres

Diferente dos outros tipos de fundos de investimentos, os fundos livres não têm o comprometimento de concentrar as aplicações em uma estratégia determinada, podendo investir em qualquer tipo de ativo, uma vez que as particularidades sejam detalhadas no regulamento.

Referência Bibliográfica

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